Entreabro os olhos, preguiçosa, e
a hora me obriga a levantar de minha cama quentinha... (Bom dia!) Os lençóis
parecem tão carentes de mim a essa hora da manhã e me puxam insistentemente
para que eu não saia do lugar, parece até que querem me proteger de algo
terrível lá fora (Fico tentada a ouvi-los, mas tenho que ser forte...). Não
deveria ser assim! Ouvi dizer que há um lugar no mundo em que, no inverno, as
pessoas não podem sair de casa por ser muito frio – tudo bem que aqui não neva
e a temperatura não chega a 30° abaixo de zero, mas não mudemos de assunto...
Fato é que levantar cedinho não é
uma tarefa muito fácil.
De qualquer forma, o cheirinho
bom lá da cozinha, me reconforta enquanto minhas pernas se tornam mais obedientes
que meu cérebro. E ainda tem a voz suave de minha mãe cantarolando músicas que
não posso esquecer. O despertador toca pela 3º vez, não sei como o soneca ainda
resiste – eu já teria desistido -, mas é sua persistência que me desperta quase
totalmente. O jeito é ceder. Ceder de “corre senão você se atrasa!”.
Afinal... cedi.
Caminhando nas calçadas que me
são tão familiares, encontro conforto em meu agasalho fofinho. Transeuntes apressados
buscam seus destinos depois de vencerem o sono, parecem me dizer em muda
comunicação: Tamo junto! Tiveram que ceder também. Simpatizo com eles no mesmo
instante. Vê-los, aliás, faz-me lembrar de algumas coisas pendentes, no
entanto, importantíssimas... Eu preciso mesmo sair do morninho dos lençóis,
ouvir as melodias de quem eu amo, lembrar de coisas boas, persistir como o
soneca, perceber pessoas, ler olhares, retribuir, obedecer, “ceder”. Acordar,
enfim. Porque mesmo que o conforto de alguns momentos revigorem o corpo vez e
outra, na verdade, o que revigora a alma faz pessoas felizes quando elas estão acordadas
(sim, “acordadas”).
O barulho dos sapatos ressoam no
cascalho, os passos aumentam e os meus pensamentos me fazem companhia à medida
que ando. No agasalho cinza, as mãos se apertam nos bolsos procurando
aconchego. E sigo minha jornada.
O dia promete e eu quero é viver.
Simone Galdino
08 de Agosto/2014, 14h.
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